Carnaval, festa de alegria, sons, cores e vibração. No interior isso é traduzido por marchinhas de carnaval nas ruas, um dos motivos que lev...

Máscara Negra

sexta-feira, março 25, 2011 Renata Andrade 0 Comments

Carnaval, festa de alegria, sons, cores e vibração.
No interior isso é traduzido por marchinhas de carnaval nas ruas, um dos motivos que leva tanta gente a lugares aparentemente esquecido do mapa. Quem saí de uma grande cidades, atravessa o trânsito típico de feriados para ir em lugares de 5.000 ou 6.000 habitantes?
Ela enfrentava tudo isso e partia para a cidadezinha que já era parte da rotina dela. A moça que tinha os dois pés em São Paulo e o coração no interior.
Um portal de madeira recepciona e se despede de todos os turistas na entrada da cidade, um grande lago de águas mansas e uma pracinha com igreja e coreto são o cenário de mais uma viagem de carnaval.
Ela trás um sorriso no rosto, e esperança que todos os problemas fiquem de fora da folia.
Segunda-feira de Carnaval, depois de 03 noites pulando e dançando ao som de marchinhas que não saem da cabeça, de tomar umas a mais pra curtir e se soltar, por que no fundo ela é tímida e fala pelos cotovelos quanto tem vergonha, como se fosse uma camuflagem.
Depois de passar a tarde “morgando” na casa aluga com as amigas, tentando recuperar as energias, se prepara para mais um dia de festa.
Olha a mala e pensa: chega de short e camisetinha, hoje vou me arrumar! Como se fosse um dia especial, ela escolhe uma sandália transada, uma calça jeans descolada e uma blusa preta com um belo decote ladeado por babados. Usa a maquiagem e o cabelo para ser notada, já que a terça-feira de carnaval já está chegando e ainda não encontrou seu pierrot.
Ao chegar na praça, pra ver todo mundo de novo e dançar as mesmas músicas, a amiga a cutuca: “Olha quem tá do seu lado!” Vira esperando qualquer pessoa: um dos tantos amigos, uma criança fantasiada… mas não era apenas isso.
Ao seu lado, naquela cidade que já era um pouco sua… desacreditou no que viu. Aquele moço, de São Paulo, moço que tb já era parte dela, dos seus sonhos escondidos, das esperanças frustradas, aquele moço que era diferente demais dela pra ter dado certo como namorado.
Dois anos da última vez que viu aquele sorriso somente pra ela, já que se afastar foi a única coisa que restava fazer, ele tinha outra namorada, vivia outra história. Mas estava ali, ao seu lado, no momento exato e na cidade que adorava.
Esqueceu de tudo: das amigas, da festa, das promessas e principalmente do fato que ele tinha namorada. Pois nada mais importava. Sua alegria era tanta que as amigas achavam que ela tinha ficado bêbada em um passe de mágica.
Mil perguntas a se fazer: “Você me seguiu? Se perdeu”? CADÊ SUA NAMORADA??????? Sorrisos de volta da parte do moço, tentativas de explicação. – Deixa pra lá, hoje é carnaval, vc não tem que me explicar nada – foi o que ela conseguiu dizer.
Ela mostra a ele cada lugar especial da cidadezinha: a igrejinha, a arena do rodeio, o lago, perfeitamente iluminado pela lua rodeada de estrelas em profusão. Tudo que antes era somente dela agora era dos dois.
A banda toca a última marchinha da noite: … vou beijar-te agora, não me leve a mal, hoje é carnaval… confetes, serpentinas… tudo em sua volta é apenas aquele momento que se acabou.
Sete anos se passaram. A moça já não é tão moça assim, estudante de design, faculdade ainda! O moço já é um Dr. formado, gerente de uma grande empresa, virou importante.
Mas toda vez que ela volta a pequena cidade, e isso são muitas vezes ao ano, ela dá uma volta pelo lago, lembrando daquela madrugada de carnaval, de tudo que ainda sente e que de alguma maneira ainda está ligado aquela cidade… ainda escuta as palavras da canção e espera somente aquela parte “foi bom te ver outra vez… eu sou aquele pierrot, que te abraçou, que te beijou meu amor” mas que desta vez o amor de carnaval dure pra sempre…
 
(Texto produzido para trabalho da facul, desenho + editoração. Nada é mera semelhança ou coincidência)

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